FEAPAES - PR
29/06/2020
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As várias medidas de enfrentamento do Coronavírus em curso no Brasil desde março de 2020, que implicou na suspensão temporária das atividades presenciais das Escolas, Terapias, CENTROS DIA, CAPS e outros serviços de atendimentos especializados, apoio e cuidados às pessoas com deficiência, em especial: intelectual, mental autismo e outras associadas à cognição, tem promovido uma série de agravos que diminuem a autonomia dessas pessoas e aumentam a situação de dependência de cuidados, preocupando os cuidadores familiares.
Devido à complexidade da compreensão dessa nova situação e das mudanças impostas para diminuir a transmissibilidade do vírus, como: o distanciamento social e isolamento, suspensão de atividades, POUCAS ATIVIDADES E APENAS DE FORMA REMOTA, QUANDO MUITOS NÃO TEM TELEFONE, INTERNET, alteração de rotinas, ociosidade, isolamento social e outras, têm promovido nessas pessoas AGRAVOS IMPORTANTES como:
ESTRESSE INTENSO, GRANDE ANSIEDADE, ANGÚSTIA, ALTERAÇÕES DO HUMOR, DA FALA, COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO, AGITAÇÃO MOTORA, SOFRIMENTOS PSÍQUICOS, CONFUSÃO MENTAL, MUDISMO, DEMÊNCIA, DESORGANIZAÇÃO EMOCIONAL, DEPRESSÃO, MOMENTOS DE CRISES DE AGRESSIVIDADE, RISCO DE FUGA E SUICÍDIO, DENTRE OUTROS, AMPLIANDO A DEPENDÊNCIA DE CUIDADOS E TORNANDO-OS MAIS COMPLEXOS PARA AS FAMÍLIAS.
HÁ RELATOS DE PESSOAS CONTIDAS E AMARRADAS EM CASA COMO MEDIDA DE PROTEÇÃO, SEGUNDO A FAMÍLIA, QUE AGRIDEM OU SÃO VÍTIMAS DE AGRESSÃO DOS CUIDADORES, EM REVIDE AO ESTRESSE DO GRUPO FAMILIAR.
Considerando que também os CUIDADORES FAMILIARES estão passando por tensões; preocupações com o Coronavirus; desemprego; falta de renda; alimentos; remédios; fraldas; vivendo em habitação precária, de poucos cômodos; falta de serviços para compartilhar os cuidados dessas pessoas e que na maioria das vezes, a cuidadora familiar é apenas a mãe, sobrecarregada de trabalhos domésticos, com outros filhos, mulher com mais de 60 anos, também no grupo de risco e precisando de cuidados, é importante organizar uma série de apoios a essas famílias.
O QUE PODE SER FEITO PELOS SERVIÇOS EXISTENTES:
- DESENVOLVER ESTRATÉGIAS DE AMPLIAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DE CUIDADOS FAMILIARES NA PANDEMIA;
- AMPLIAR O NÚMERO DE CUIDADORES FAMILIARES, ENVOLVENDO A FAMÍLIA DE ORIGEM, EXTENSA E AMPLIADA;
- INCENTIVAR O REVEZAMENTO DE CUIDADORES DIRETOS PARA DESCANSO DESSES;
- PROMOVER A INCLUSÃO DE CUIDADORES INFORMAIS E FORMAIS CONTRATADOS, QUANDO POSSÍVEL;
- ORGANIZAR ESPAÇOS DE ACOLHIMENTO SEGURO, TRANQUILO, COM ROTINAS CLARAS;
- ATIVIDADES MESMO QUE SIMPLES PARA A PESSOA CUIDADA;
- VALORIZAÇÃO DOS INTERESSES DA PESSOA CUIDADA;
- ATUALIZAÇÃO DA MEDICAÇÃO NECESSÁRIA, USO CONTÍNUO E CORRETO;
- UIDADOS COM A ALIMENTAÇÃO, SONO, RELAXAMENTO E OUTRAS MEDIDAS QUE ALIVIAM A TENSÃO E PROMOVEM O BEM-ESTAR.
Conhecer CADA FAMÍLIA PARA DESENHAR O MELHOR APOIO. Ao tomar conhecimento de famílias com essas necessidades de apoio para cuidados, devido a situação de risco e até de direitos violados, quer seja por pedido de socorro da família, informações de vizinhos, informações de serviços, ou sob outras formas, é necessário promover a escuta qualificada da família, de todas as pessoas que vivem juntas, e das pessoas envolvidas, mesmo que vivam em outras moradias, para o desenho das melhores estratégias de apoio, se valendo dos serviços existentes nas distintas áreas da saúde, assistência social, educação e outras e da parcerias com as Entidades Sociais.
Buscar informações sobre o caso específico com as áreas envolvidas, em especial de saúde; a transmissão de informações de forma positiva, simples e compreensível para a família e para a pessoa cuidada; a diminuição de estigma e preconceito inclusive institucional; a criação de novas estratégias de cuidados, mesmo que temporário e em caráter excepcional; a disponibilidade para identificar as melhores alternativas de cuidados no domicilio e fora do domicílio, se necessário, dentre outras alternativas, sempre valorizando a soma de esforços da pessoa cuidada, da família e dos serviços envolvidos em articulação, e sempre na perspectiva de qualificar os cuidados para não ampliar a situação de dependência.
Promover o acesso dessas pessoas e de suas famílias a provisões emergenciais pela pandemia, no município, acesso ao Benefício Continuado - BPC LOAS; à Pensão Especial por Microcefalia; ao Auxilio emergencial pelo Coronavirus de $600,00; aos Benefícios Eventuais; alimentos; nutrientes; medicamentos; fraldas e outros apoios no Munícipio, que ampliam as condições de saúde das pessoas com deficiência e de cuidados das famílias.
Desenvolver articulações frequentes com a saúde, assistência social educação e outros, para conhecer os protocolos de diminuição da transmissibilidade do vírus, distanciamento social, uso de Equipamentos de Proteção Individual EPIs dos trabalhadores e dos usuários, higiene pessoal, visitas nos serviços de acolhimento, isolamento social e tratamentos e como cada serviço está atuando nessa soma de esforços tão importante.
Fazer registros e manter contatos com as famílias para avaliações frequentes e desenho de novas estratégias de apoio nos cuidados, quando necessário.
Brasília (DF) 28 de JUNHO de 2020
DEUSINA LOPES DA CRUZ
Servidora pública - MC/SNAS/DPSE
Com formação em Economia
Especialista em políticas públicas de proteção e desenvolvimento social, tema de pesquisa e publicação: Família, deficiência e proteção social: Mães cuidadoras e os serviços do SUAS
Master Ibero-Americano em Habilitação e Reabilitação da Pessoa com Deficiência, Especialização, pela Universidade de Salamanca, Espanha, tema: Avaliação Social da Deficiência
Autora do livro: Um Autista Muito Especial